Ação, que vai até o final de junho/2019, é inédita e tem quantidade limitada
Após o spoiler que o neurocientista Alysson Muotri deu no vídeo da semana passada (assista) em sua visita ao Brasil, a Tismoo lançou nesta semana uma ação de curta duração (apenas no mês de junho/2019) inédita: quem contratar um sequenciamento genético, ganha de presente um exame T-Array (cadastre-se abaixo).
Sequenciamento genético
Mas o que são os dois exames de sequenciamento genético que a Tismoo faz? Qual a diferença entre eles: o T-Gen (sequenciamento genoma completo) e o T-Exom (sequencimanto do exoma completo)? E o exame que a startup está dando de presente, o T-Array (CGH-SNP-Array), o que é afinal?
Com a palavra, Alysson Muotri para explicar cada exame e o porquê do T-Array ser complementar aos outros dois:
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/06/portal-promo-alysson02.jpg588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-06-21 10:47:552019-06-21 17:20:29Tismoo dá exame T-Array de presente a quem fizer sequenciamento genético em junho/2019
Em vídeo, neurocientista brasileiro explica o que é exatamente cada um dos exames genéticos
Em visita ao escritório da Tismoo no Brasil, o neurocientista Alysson Muotri, cofundador da startup, explica cada um dos três exames genéticos oferecidos pela Tismoo atualmente: T-Array (CGH-SNP-Array genômico), T-Exom (sequenciamento completo do exoma) e T-Gen (sequenciamento completo do genoma).
Alysson, que é professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), fez questão de falar sobre uma das principais dúvidas de quem entra em contato com a Tismoo: “qual o melhor exame?”. Assista à resposta.
E logo depois, tem um spoiler: um vídeo dele falando sobre a ação que a Tismoo irá lançar na próxima semana. Podia contar? ?
Leia também os artigos traduzidos da Spectrum News (EUA) sobre a importância dos exames genéticos (neste link) e o estudo recente que aponta a importância do sequenciamento do genoma completo (neste link).
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/06/portal-Alysson-Tismoo.png588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-06-14 14:23:532022-05-17 11:53:06Em visita ao Brasil, Alysson Muotri fala sobre a diferença entre os 3 exames da Tismoo
Trabalho científico analisou mais de 7 mil genomas de autistas e seus familiares
Pesquisadores descobriram, com o uso de inteligência artificial, mutações genéticas em regiões não codificantes de proteínas que podem resultar no Transtorno do Espectro Autista (TEA). Foram analisados o sequenciamento do genoma completo em 1.790 famílias que tinham pelo menos um indivíduo diagnosticado com TEA, totalizando 7.097 genomas. A ideia foi tentar relacionar mutações nas regiões não codificantes com o autismo, utilizando um modelo computacional que consegue predizer os efeitos regulatórios específicos e impactos dessas mutações. O trabalho, publicado na Nature dia 27 de maio de 2019, liga alterações genéticas em regiões não codificantes a condições do neurodesenvolvimento.
Trocando em miúdos, o estudo mostrou a importância do sequenciamento do genoma completo para pessoas com autismo. O sequenciamento do exoma completo já era indicado por muitas associações médicas de países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, como uma metodologia de auxílio no diagnóstico do TEA. Porém, o exoma cobre apenas cerca de 2% do genoma humano. No passado, o restante era considerado “lixo”, informação sem importância embora já fosse sabido que essas regiões eram importantes em questões regulatórias. Este estudo vem mostrar o contrário, que essas outras regiões do genoma (regiões intergênicas, não codificantes de proteínas), que ficam nos demais 98%, têm relevância para o risco associado ao TEA. Estes resultados sugerem que essa classe de mutações também podem estar associadas a outras complexas condições de saúde, especialmente em casos sem causa conhecida.
Genoma
“A Tismoo, que sempre prezou pelo potencial científico desde a sua fundação, viu um potencial nessas regiões e oferece o sequenciamento do genoma completo (T-Gen) desde que abriu suas portas, em 2016, sabendo dessa importância, hoje comprovada por este estudo científico. No entanto, sabe-se que mais estudos são necessários para que essas informações sejam utilizadas na rotina clínica”, explicou a cientista Graciela Pignatari, cofundadora e diretora executiva da Tismoo.
As mutações nas regiões intergênicas, não codificadoras, estão associadas à regulação gênica alterada em pessoas com autismo. Além disso, as mutações afetam a expressão gênica no cérebro e outros genes já ligados ao autismo, como os responsáveis pelo desenvolvimento e migração de neurônios, mostrando sobretudo a importância de mais estudos nessas regiões.
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/06/portal-genoma-regioes-nao-codificadas.jpg588899Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-06-07 15:30:212019-06-07 19:50:34Estudo reforça importância do sequenciamento do genoma completo em autistas
Pais estão sendo enganados por charlatães que fazem promessa de cura com substância perigosa para o organismo
Se você acompanha notícias sobre autismo, deve ter ouvido falar recentemente de MMS (Miracle Mineral Solution) — sigla em inglês para Solução Mineral Milagrosa — e, pelo nome, já dá para perceber que promete um milagre: curar autismo, além de câncer, Aids, malária, entre outras doenças. Ultimamente tem aparecido com outros nomes, rebatizada de “Solução Mineral Mestre” ou uma nova sigla, CDS (Chlorine Dioxide Solution). Todos a mesma substância: dióxido de cloro, um alvejante industrial.
Se fosse “somente” a promessa charlatanesca de cura e o prejuízo financeiro causado a quem compra um produto inócuo, seria mais uma armadilha a pais de autistas. Porém, o produto envolve um grave risco à saúde.
Não vamos reinventar a roda, pois muito já foi dito sobre o assunto e vale destacarmos os links e as reportagens mais esclarecedoras. A mais completa é da mãe e jornalista Andréa Werner, na Revista Autismo deste trimestre (edição número 5, de junho/julho/agosto de 2019), com o título: “MMS cura autismo?“.
Destacamos também a reportagem, de 8min32s, exibida pelo Fantástico (Rede Globo), no último domingo, 26.mai.2019: “Fórmula é vendida com a falsa promessa da cura do autismo“, com alerta, inclusive, do médico neuropediatra José Salomão Schwartzman. Na reportagem, uma mãe que não quis se identificar conta sobre o filho que foi parar no hospital após 3 meses de uso do MMS. Quando perguntada se contou que estava usando o MMS a resposta foi taxativa: “Não falei [pra médica que] pois poderia ter saído de lá [do hospital] presa”, disse a mãe à jornalista do Fantástico. Assista à reportagem em https://globoplay.globo.com/v/7644906/.
O biomédico Diogo Lovato, doutor em biologia molecular, que trabalhou por mais de dez anos pesquisando tratamento para doenças como malária e Doença de Chagas, falou sobre a complexidade da ciência encontrar tratamentos eficazes: “Existem esforços de trabalhos científicos independentes na busca de tratamento para doenças como, por exemplo, a malária. Compostos químicos complexos são estudados, os genomas dos parasitas da malária são estudados e, mesmo assim, existem pouquíssimos tratamentos eficazes. Não será uma substância química simples e descoberta ao acaso que resolverá problemas complexos como o autismo ou trará cura para doenças como a malária”, esclareceu ele.
Para a cientista Graciela Pignatari, cofundadora da Tismoo, “Devemos tomar cuidado com procedimentos rápidos e milagrosos que envolvem a cura. O autismo é um transtorno complexo do neurodesenvolvimento e que até o momento não existe cura. Além disso, o MMS não é algo inofensivo e pode causar sérios danos a esses indivíduos”, explicou ela, que é Ph.D. em biologia molecular e celular.
O médico neuropediatra Carlos Gadia também foi incisivo: “Já tivemos, na história do autismo, muitas ‘curas’, mas, talvez, nenhuma tão perigosa quanto o MMS”, alertou ele, que é sócio cofundador da Tismoo.
Seguem alguns vídeos sobre o MMS para esclarecer o assunto.
Andréa Werner fez um vídeo explicando o que é a substância:
E neste vídeo, ela testar o MMS em tecido, aplicando em uma meia azul marinho. Veja o resultado:
O médico Drauzio Varella também fez seu alerta para o perigo do dióxido de cloro no vídeo abaixo, além de publicar um texto bem completo no seu portal:
[Atualizado em 07/06/2019 com frase do médico Carlos Gadia]
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/05/portal-mms.jpg588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-05-31 14:45:382019-06-07 15:30:10Reportagens alertam para a mentira e perigo do MMS que 'curaria' autismo
Palestras em Campina Grande e em Sumé reúnem grande público interessado no tema
Dois eventos no estado da Paraíba, em Campina Grande e em Sumé, levaram um grande público para palestras a respeito de autismo. Profissionais renomados de vários estados do Brasil levaram informação importante e atual sobre o transtorno. E a Tismoo esteve presente em ambos, com palestras da cientista Graciela Pignatari, cofundadora da startup de biotecnologia.
Em Campina Grande o público foi de 500 pessoas esteve por dois dias (17 e 18 de maio) se informando sobre o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), realizado pela ACPA (Associação Campinense de Pais de Autistas), “3º Seminário Transdisciplinar de Autismo”. Em Sumé, mais de 300 pessoas participaram do evento (20 de maio) organizado pela Secretaria Municipal de Educação: “1º Workshop Falando sobre Autismo“.
Para Graciela, “Nos dois eventos a maior parte do público foi de pessoas da educação, embora muitos profissionais da saúde também estiveram presentes. Percebi uma sede muito grande de conhecimento. Em Campina Grande, o foco maior foi intervenção precoce, assim como autismo adulto. Só conhecimento transforma e traz menos preconceito. Em Sumé as pessoas têm muita vontade de fazer algo, mas estão no início das atividades e necessitam de conteúdo. Foi um marco, pois foi o primeiro evento a respeito de autismo na cidade”, disse a cientista, que é Ph.D. em Biologia Molecular e trabalha há mais de dez anos com autismo.
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/05/portal-evento-paraiba.jpg588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-05-24 15:48:512019-05-24 16:12:42Eventos na Paraíba levam informação sobre autismo a mais de 800 pessoas
Aconselhamento genético (AG) é uma consulta realizada com um geneticista para esclarecer aos pacientes, potencialmente em risco para condições herdadas, qual é a possibilidade de recorrência da condição em questão, e quais são as opções terapêuticas e reprodutivas disponíveis.
Considerando uma condição de saúde como o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que é um transtorno multifatorial envolvendo fatores genéticos e ambientais — sendo o risco genético estimado entre 70% e 90% e os ambientais considerados baixos em termos relativos — a necessidade de AG se sobrepõe.
O aconselhamento genético geralmente ocorre em um serviço de saúde de âmbito multidisciplinar liderado por um médico geneticista.
Famílias que já tem pelo menos um membro autista e desejam conhecer mais sobre o TEA e os riscos de recorrência para futuras gerações, têm na consulta de AG os seguintes prováveis benefícios:
Ver esclarecidas questões referentes a provável identificação de condições sindrômicas associadas ao TEA que poderão mudar o rumo e evolução do caso;
Entender a evolução da investigação de causas relacionadas ao TEA;
Obter informações referentes a testes genéticos e o que um teste genético poderá agregar de valor ao seguimento terapêutico já em andamento;
Evitar testes laboratoriais desnecessários na investigação da causa do TEA;
Obter orientações de AG pós teste genético, se for o caso, e entender a evolução clínica baseada na existência de outros casos com resultado de teste genético semelhante;
Agrupamento de pacientes com alterações genéticas semelhantes, prática conhecida como estratificação de pacientes, com objetivo de melhor entender evolução clínica e abordagem de pesquisas científicas no TEA.
Se você é uma pessoa com diagnóstico de TEA ou tem parentes com este diagnóstico, saiba que o AG poderá ajudá-lo a compreender melhor esta condição complexa e desafiadora.
Sobre a autora
Iara Brandão, médica geneticista e neuropediatra, é consultora da Tismoo.
/por Iara BrandãoSobre o autor: Médica geneticista, neuropediatra, e consultora da Tismoo.
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/05/portal-ag-01.jpg588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-05-17 11:27:462019-05-17 11:32:05Aconselhamento genético e autismo
Promoção tem quantidade limitada e é válida até 20 de maio de 2019
A Tismoo está promovendo, de 13 a 20 de maio, a Semana do Genoma, com mais uma iniciativa para trazer a medicina personalizada mais perto das famílias. A ação está dando um crédito de R$ 2.497,00 para ser usado na contratação de um T-Gen, o exame genético que faz o sequenciamento completo do genoma (saiba mais aqui).
Como a quantidade é limitada, os interessados devem se cadastrar rapidamente no botão abaixo para garantir o cartão presente com o crédito para um exame T-Gen — cujo preço total é de R$ 18.497,00 e, com este crédito, os participantes da promoção pagarão apenas os R$ 16.000,00 restantes, que podem ser parcelados em até 6 vezes no cartão de crédito — e ler atentamente as regras de limitações da promoção. leia atentamente as regras de limitações da promoção.
Mas é só até meio-dia de 20 de maio de 2019. Correeee!
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/05/portal-promo-gen.png588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-05-13 16:21:282019-05-13 17:42:05Tismoo dá crédito de quase R$ 2,5 mil para sequenciamento completo do genoma
O teste clínico foi anunciado pela associação da síndrome no país e pelo laboratório Anavex, responsável pelo fármaco
Cerca de 30 pacientes com Síndrome de Rett participarão de um teste clínico (trial) do medicamento “Anavex 2-73”, que foi aprovado recentemente pelo Comitê Australiano de Ética em Pesquisa Humana. O estudo, um teste clínico duplo cego, randomizado, controlado por placebo, foi anunciado nesta semana — na tarde de 8 de maio de 2019 — pela Associação de Síndrome de Rett da Austrália e a biofarmacêutica Anavex Life Sciences Corp., responsável pelo medicamento.
Batizado de “Avatar”, o teste — em fase 2 — está programado para iniciar-se neste trimestre e pode durar até sete semanas, e deverá avaliar a segurança e eficácia da formulação oral da droga, em uma dose única por dia. Os participantes do estudo também poderão participar de uma extensão do estudo, que será aberto (open-label), para continuarem recebendo a medicação.
Rett
“A Síndrome de Rett, que é observada quase exclusivamente em mulheres, é um distúrbio genético em que o cérebro não amadurece da maneira esperada. Para a maioria das crianças afetadas, seu desenvolvimento inicial parece normal, mas depois diminui ou, de repente, paralisa”, explicou Claude Buda, presidente da RSAA — Rett Syndrome Association of Australia (em português: Associação de Síndrome de Rett da Austrália).
Em estudos anteriores, a droga resultou em melhorias em modelos animais, com propriedades anticonvulsivantes, antiamnésicas, neuroprotetoras e antidepressivas. Além de Síndrome de Rett, o medicamento também foi usado com bons resultados em outras condições que envolvem o sistema nervoso central, como num ensaio pré-clínico para Mal de Alzheimer.
A Fundação Michael J. Fox, voltada a pesquisas para Mal de Parkinson, premiou a Anavex — que desenvolve tratamentos para doenças neurodegenerativas e condições de saúde do neurodesenvolvimento — com uma bolsa de pesquisa que financiou totalmente um estudo pré-clínico utilizando esta mesma droga para o tratamento da doença.
“Estamos orgulhosos de ter feito parceria com a Rett Syndrome Association of Australia no projeto do estudo Avatar e entusiasmados por termos dado um passo importante no avanço do desenvolvimento de um possível tratamento para a Síndrome de Rett que pode beneficiar as famílias e indivíduos que vivem com esta condição de saúde”, disse Christopher U Missling, CEO da Anavex, no comunicado oficial no site da biofarmacêutica.
Associação
Saiba mais a respeito da Síndrome de Rett, causada por uma mutação no gene MECP2, e da pesquisa do neurocientista brasileiro Alysson Muotri — um dos cofundadores da Tismoo — sobre esta síndrome neste nosso artigo.
No Brasil, a maior associação relacionada à síndrome é a Abre-te – Associação Brasileira de Síndrome de Rett, fundada em 1990. Mais informações em Abrete.org.br. Nos Estados Unidos, a maior é a International Rett Syndrome Foundation (RettSyndrome.org), com sede em Cincinnati.
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/05/portal-trial-rett-Australia.png588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-05-10 11:45:252019-05-11 21:43:19Austrália autoriza teste de medicamento para Síndrome de Rett
Dos quadrinhos às telas, autistas têm, aos poucos, entrado nas histórias e atrações para crianças
A neurodiversidade tem aparecido entre a produção cultural para crianças, felizmente. Personagens infantis com autismo, ainda que bem modestamente, têm brotado lá e cá. Já falamos aqui de séries para jovens e adultos, como Atypical, da Netflix, The Good Doctor e The A Word — A vida com Joe, na Globoplay. Agora é hora dos pequeninos se divertirem com uma dose de consciência a respeito do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Pablo
Uma das mais interessantes, que estreou na Netflix há poucas semanas, é Pablo, uma série de desenho animado da BBC de Londres, em que todos os personagens são autistas. E um detalhe: a dublagem é feita por atores autistas também, tanto no original em inglês quanto em português — aqui no Brasil, a Fox fez a dublagem exibindo a série com exclusividade, em abril de 2018, num de seus canais, o NatGeo Kids— inclusive meu filho participou do teste de dublagem (veja o vídeo) — mas não passou.
Trazendo a visão de uma criança com autismo, Pablo mescla o live action e a animação na proposta de conscientizar pais e filhos, além de promover diversidade, integração e discussão sobre o tema. Cada episódio traz uma situação diferente que causa ansiedade, incerteza ou insegurança a Pablo, como cortar o cabelo ou ir ao supermercado com os pais. Com giz-de-cera e muita criatividade, o garoto vê seus desenhos ganharem vida para os ajudarem a lidar com a situação. A BBC, ao divulgar a série, contou que “Pablo foi criado em colaboração com jovens autistas que forneceram histórias originais e inspiradoras sobre sua própria experiência”.
Julia
A Vila Sésamo foi outro “lugar” em que uma autista “apareceu”. Julia, a nova personagem, foi inserida em abril de 2017 no seriado infantil, nos Estados Unidos — onde a série foi criada e chama-se Sesame Street. Ela é uma muppet de 4 anos, ruiva, de olhos verdes, gosta de cantar e pintar e tem ecolalia — sempre repete as frases ditas pelos amigos. No começo, alguns deles ficam chateados por ela nem sempre interagir da maneira como eles estão acostumados (veja o vídeo), mas com o tempo, os colegas percebem que a garotinha só tem um jeito diferente de se expressar.
Durante o desenvolvimento da personagem, pais de pequenos autistas foram ouvidos, assim como médicos e associações que lutam pela causa. “Queremos promover uma melhor compreensão e reduzir o estigma que envolve estas crianças. Estamos moldando a maneira como crianças e adultos veem o autismo, a partir de uma sólida perspectiva: encontrar coisas em comum entre todas as crianças”, declarou Jeanette Betancourt, vice-presidente sênior de impacto social nos EUA da companhia Sesame Workshop, que criou a personagem.
Outra particularidade da série foi a escolha de uma personagem feminina, já que a prevalência de autismo é quatro vezes maior em meninos do que em meninas. O programa também conta com conteúdo exclusivo sobre autismo na internet, em inglês (aqui).
Auts
Um projeto bem curioso é Auts, um desenho 2D com uma temporada de 26 episódios, de 90 segundos cada. No siteeuSouAuts.com dá para baixar o aplicativo (para Android e iOS) que dá acesso à série (aos menos os três primeiros episódios são gratuitos) ou ainda pode-se assistir na plataformaPlayKids. “O desenho nasceu do desejo de uma família em ajudar seu filho Artur, dentro do espectro autista, a se comunicar com o mundo. Dessa experiência particular, Auts se amplia para abordar o tema do respeito à diferença de forma artística e lúdica. Com o protagonista inspirado em Artur, o projeto traz uma criança dentro do espectro autista participando ativamente do processo criativo e produtivo”, segundo o site do projeto.
O pai de Artur é o diretor de animação Renato Barreto, mas não só ele como toda a família participa de Auts, incluindo a mãe, Fernanda Arraz, o irmão Davi e Caneca, o cachorro da família. Todos eles são personagens, dubladores e co-criadores dos episódios. Todo o conjunto é voltado para o desenvolvimento dos aprendizados e aquisições da primeira-infância. Vale dar uma espiada.
André
Por último, o mais antigo do Brasil: André, o personagem autista da Turma da Mônica. Criado por Mauricio de Sousa em 2002, André tem quatro anos, diferentemente da maioria das personagens, que possui idade entre os sete e oito anos.
Em 2001, o Instituto Mauricio de Sousa foi convidado por uma representante da Universidade de Harvard para desenvolver um projeto com o objetivo de alertar a população sobre os sintomas do Transtorno do Espectro do Autismo. Após meses de estudos nasceu André, um personagem autista para fazer parte da Turma da Mônica.
Com base nesse personagem, o Instituto Mauricio de Sousa criou a revista em quadrinhos “Um Amiguinho Diferente” e seis vinhetas de desenho animado, que alertam pais, familiares e professores para a importância do diagnóstico precoce e esclarecem o comportamento que deve ser adotado com a criança dentro do espectro do autismo. Já foram distribuídos 60 mil exemplares da publicação. .
Em fevereiro de 2019, o Instituto Mauricio de Sousa fez parceria com a Revista Autismo e publicauma página com o André em toda edição da revista, que é gratuita, conscientizando a respeito do TEA. E, em abril último, foram atualizados e relançadosseis vídeos com o personagem, alertando sobre os sinais de autismo.
Estes quatro personagens infantis com autismo foram alguns exemplos apenas. Você conhece outros? Poste aqui nos comentários.
O transtorno do espectro autista (TEA) é hoje uma das condições neurológicas mais estudadas por pesquisadores e neurocientistas ao redor de todo o mundo. Com o passar dos anos, temos compreendido que o TEA é uma peça dentro de um gigantesco quebra-cabeça, onde as outras peças são representadas por múltiplas condições neurológicas e psiquiátricas. Como costumamos dizer: “O TEA geralmente não está sozinho”.
Estudos recentes nos mostram, de forma cada vez mais clara, que uma parcela considerável das pessoas com autismo apresenta outras alterações comportamentais e de desenvolvimento, que podem nos levar a um complexo emaranhado de diagnósticos associados.
Um fato muito interessante é que grandes estudos populacionais têm demonstrado um aumento na prevalência não somente do TEA, mas de muitas doenças neurológicas e psiquiátricas, como a depressão, transtorno afetivo bipolar, esquizofrenia, lesões autoprovocadas intencionalmente e casos de suicídio. A verdade é que, até este momento, não somos capazes de explicar exatamente os motivos do aumento no diagnóstico destas condições.
Mas é fato que pessoas com TEA têm um risco significativamente maior de desenvolver doenças do sistema nervoso central. Um estudo recente que avaliou mais de seiscentas crianças e adolescentes com autismo, com idade entre 3 e 17 anos, mostrou que 30% tinham também deficiência intelectual, 81% transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), 46% transtorno opositor desafiante, 12% transtorno de conduta, 42% transtorno de ansiedade e 8% tinham transtorno de humor. Outro aspecto que também chamou atenção neste estudo é que 66% das pessoas com TEA tiveram a associação de outras duas ou mais doenças neuropsiquiátricas.
Bom, agora que sabemos que o TEA geralmente não está sozinho, isso deveria nos trazer uma reflexão… Nós estamos realmente investigando e tratando todas estas demais doenças comórbidas ao TEA?
Infelizmente, a resposta é não… em muitas crianças e adolescentes, talvez na maioria delas, todos os sinais e sintomas comportamentais são atribuídos indiscriminadamente ao autismo, o que muitas vezes leva a tratamentos incorretos ou incompletos.
Portanto, se uma pessoa apresenta diagnóstico de TEA e depressão ou TEA e TDAH, evidentemente deveríamos tratar TODAS as condições, com as terapias adequadas, antidepressivos e psicoestimulantes, respectivamente.
Desse modo, durante a consulta de uma criança com TEA, o médico deve estar muito atento aos sintomas que podem não pertencer ao autismo propriamente dito. Identificar e tratar precocemente todas as doenças associadas ao TEA pode representar uma linha divisória entre o sucesso e a falha terapêutica.
O autor
Paulo Breno Noronha Liberalesso, MD, Ph.D, é médico do Departamento de Neurologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, médico do Cerena (Centro de Reabilitação Neuropediátrica Hospital Menino Deus), em Curitiba (PR), mestre em neurociência, doutor em distúrbios da comunicação humana e presidente do Departamento de Neuropediatria da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Referências
Luc Lecavalier Courtney E. McCracken, Michael G. Aman, et al. An exploration of concomitant psychiatric disorders in children with autism spectrum disorder. Comprehensive Psychiatry 2019; 88: 57-64.
As informações e opiniões emitidas neste texto são de responsabilidade única do(a) autor(a).
/por Paulo LiberalessoSobre o autor: Paulo Breno Noronha Liberalesso, MD, Ph.D, é médico do Departamento de Neurologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, médico do Cerena (Centro de Reabilitação Neuropediátrica Hospital Menino Deus), em Curitiba (PR), mestre em neurociência, doutor em distúrbios da comunicação humana e presidente do Departamento de Neuropediatria da Sociedade Paranaense de Pediatria.
https://tismoo.us/wp-content/uploads/2019/04/potal-Liberalesso.jpeg588900Tismoo/wp-content/uploads/2018/03/logo-tismoo.pngTismoo2019-04-26 08:00:312019-04-24 15:43:18O transtorno do espectro autista como parte de um grande quebra-cabeça