Na semana passada publicamos a primeira parte deste post. Se você não viu, clique aqui para ler. A seguir você confere os outros 5 itens que as crianças com autismo gostariam que você soubesse.
6. Sou visualmente orientado
“Como tenho dificuldades com a linguagem, eu me oriento muito pela visão. Então, mais do que apenas falar comigo, mostre-me como fazer alguma coisa. E por favor esteja preparado para me mostrar muitas vezes — repetições insistentes me ajudam a aprender.
Organizar uma “agenda visual” pode me ajudar muito ao longo do dia: ela me salva do stress de precisar lembrar o que vem depois, ajudando-me a transitar mais suavemente entre as atividades, controlar meu tempo e assim atingir as suas expectativas. Essa é uma necessidade que não perco quando ficar mais velho, mas meu “nível de representação” pode mudar. Antes de poder ler eu preciso de orientações visuais com fotografias ou desenhos simples. Na medida em que envelheço, uma combinação de imagens e palavras pode funcionar, e depois só as palavras.”
7. Priorize o que eu posso fazer mais do que aquilo que não posso fazer
“Como qualquer outro ser humano, eu não consigo aprender em um ambiente que constantemente me faz sentir que ‘não sou bom o bastante e preciso me corrigir’. Tentar qualquer coisa nova quando estou quase certo de que vou encontrar críticas, ainda que ‘construtivas’, se torna algo a ser evitado. Procure pelas minhas virtudes e você vai encontrá-las. Existe muito mais do que só um jeito ‘certo’ para fazer a maioria das coisas.”
8. Me ajude nas interações sociais
“Pode parecer que eu não queira brincar com as outras crianças no parquinho, mas algumas vezes eu simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar numa brincadeira. Se você encorajar as outras crianças a me convidarem para brincar, pode ser que eu fique muito feliz em estar incluído. Eu participo melhor em atividades com começo e fim bem definidos. Eu não sei ‘ler’ expressões faciais, linguagem corporal ou emoções das outras pessoas, e seria muito bom ter ajuda para responder de forma adequada. Se dou risada quando alguém cai no chão, não é porque achei isso engraçado, mas é que eu não sei a resposta apropriada. Nesse caso ensine-me a perguntar ‘Você está bem?’.”
9. Tente identificar o que inicia meus surtos
“Surtos, ataques, explosões, ou seja lá como você queira chamar, são ainda mais horríveis para mim do que parecem a você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos se sobrecarregou. Se você conseguir descobrir o porquê de meus surtos acontecerem, eles podem ser prevenidos. Faça anotações sobre as situações, horários, pessoas e atividades. Pode surgir um padrão.
Lembre-se que todo comportamento é uma forma de comunicação. Ele lhe mostra, quando minhas palavras não conseguem, como eu percebo algo que está acontecendo em meu ambiente. Comportamentos que persistem podem ter uma causa médica associada. Alergias a comidas e sensibilidades, distúrbios do sono e problemas gastrointestinais podem ter profundos efeitos no comportamento.”
10. Me ame incondicionalmente
“Elimine pensamentos negativos e frustrados. Não escolhi ter autismo, mas isso está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda minhas chances de sucesso e vida adulta independente são baixas. Com o seu apoio e orientação, as possibilidades são maiores do que imagina. Eu prometo a você, eu valho a pena.
E por último, três palavras: Paciência, paciência e paciência. Procure enxergar o meu autismo mais como uma habilidade diferente do que uma deficiência. Reveja o que você compreende como limitações e descubra as qualidades que o autismo me trouxe. É verdade que tenho dificuldades com contato visual e conversações, mas já percebeu que eu não minto, trapaceio, zombo de meus colegas ou julgo os outros? Também é verdade que provavelmente não serei o próximo Michael Jordan, mas com a minha atenção a detalhes finos e capacidade de foco intenso, posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh (já pensou que eles podem ter tido autismo também?).
Tudo no que posso me transformar não acontecerá sem você como minha base. Seja meu defensor, meu amigo e veremos o quão longe eu consigo caminhar.”
>> Se não leu, leia a Parte 1 deste texto.