O que é?
O termo “burnout” vem do inglês com a tradução literal de “queimar-se”, mas com a intenção de traduzir o esgotamento extremo da pessoa, como se chegasse ao limite de suas forças e cansaço. O termo em si não é um transtorno citado pelo DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais) sendo considerado uma “doença do trabalho”, visto que no princípio ele descrevia o excesso de trabalho e atividades como sua causa. Hoje, no entanto, já se entende que as causas para o burnout vão além do acúmulo de atividades e também incluem o luto, demissões, términos de relacionamentos ou qualquer evento que provoque um grande estresse prolongado na vida da pessoa. No entanto, para uma pessoa autista as razões que levam ao esgotamento podem ser mais variadas e diretamente ligadas às dificuldades vividas, algumas das razões podem ser:
- Tentar mascarar traços do autismo (masking) constantemente, como fingir não ser autista ou se esforçar muito para não agir como autista;
- Dificuldade ou frustração por não atingir metas ou expectativas da família, trabalho, escola, faculdade etc;
Estresse por ter de conviver em ambientes não acolhedores a pessoas autistas, como lugares com muitos estímulos sonoros e/ou visuais; - Mudanças na vida, como, mudar-se de casa ou trabalho, ter de frequentar novos ambientes ou mesmo a mudança de trocar a rotina da escola pelo trabalho ou faculdade;
Pessoas autistas também mencionam dificuldades para conseguir suporte ou acolhimento, como:
- Ter suas dificuldades diminuídas quando tentam descrever o burnout, como por exemplo, ouvir que todos passam por essa experiência e eles só precisam se esforçar mais, ou que estão exagerando;
- Dificuldades em exercer limites ou se autopreservar como dizer não a alguém, não conseguir se retirar de um ambiente nocivo, não conseguir pedir ajuda quando necessário;
- Falta recursos e suporte, como medidas socioeconômicas criadas para prestar suporte aos autistas.
Como os sintomas de burnout podem se apresentar no autismo?
- Esgotamento físico e mental constantes, mesmo que descansando, parece não conseguir repor suas energias;
- Irritabilidade, crises de humor mais constantes;
- Dificuldades em manter-se funcional, como exercer tarefas de rotina diárias, controle de estresse, tolerância, desorganização, pensamentos confusos e estados dissociativos;
- Perda de habilidades já desenvolvidas como habilidades sociais ou de autocuidado;
- Maior dificuldades em processar estímulos (mais que o habitual);
- Afastar- se de seus relacionamentos, se isolar;
- Perda de interesse em seus hobbies ou atividades queridas.
O burnout no TEA com o tempo pode acabar resultando no desenvolvimento da depressão. Com o acompanhamento adequado, com psicoterapias e medicamentos, a depressão tende a diminuir à medida que está sendo tratada.
O acolhimento da pessoa autista, assim como o entendimento de suas dificuldades e desafios diários é essencial para a sua recuperação e melhora.
Referências
- CANAL AUTISMO: ‘Burnout’ no autismo. Disponível em: https://www.canalautismo.com.br/artigos/burnout-no-autismo/ Acesso em 12 de Agosto de 2024.
- INSTITUTO INCLUSÃO: Entenda o que é burnout autista. Disponível em: https://institutoinclusaobrasil.com.br/entenda-o-que-e-burnout-autista/ Acesso em 12 de Agosto de 2024.
- NATIONAL AUTISTIC SOCIETY: Understanding autistic burnout. Disponível em: https://www.autism.org.uk/advice-and-guidance/professional-practice/autistic-burnout Acesso em 12 de Agosto de 2024.
- PSYCHOLOGY TODAY: What Is Autistic Burnout?. Disponível em: https://www.psychologytoday.com/us/blog/beyond-mental-health/202312/what-is-autistic-burnout Acesso em 12 de Agosto de 2024.