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Série, que retrata adolescente com autismo, é transmitida pelo Netflix e terá lançamento mundial
Os pinguins voltaram! Sim, Atypical estreia sua segunda temporada continuando a contar a história de Sam, um garoto com autismo, que trabalha e estuda, vivendo a efervescência e o amadurecimento de seus 18 anos, tentando ser cada vez mais independente. A série, produção original da Netflix, terá dez episódios — dois a mais que a temporada anterior — e estará disponível na plataforma de streaming a partir de 7 de setembro de 2018, a estreia mundial. Ah, o porquê dos pinguins? O protagonista é aficcionado pela Antártica e, mais especificamente, pelos pinguins que vivem naquele continente, principalmente o pinguim-imperador — os machos desta espécie são um dos poucos animais que passam o inverno na “terra de gelo”.
Sam, interpretado pelo ator Keir Gilchrist, além de buscar mais independência e autoconhecimento, também começa a se ver envolvido na sua primeira história de amor, enquanto vários problemas ocorrem em torno do dia a dia da família. O sucesso da temporada inicial garantiu a renovação junto à Netflix.
Na primeira temporada, Sam está em busca de uma namorada e pede conselhos a sua psicóloga Júlia. Cursando o ensino médio, ele não tem muitas amizades, além de Zahid, seu amigo de trabalho — um galanteador muito divertido — e sua irmã, corredora e um tanto protetora.
Em 2017, Atypical — que tem episódios de 29 a 38 minutos cada — foi a décima série mais assistida pelos brasileiros em sessões curtas (de menos de 2 horas por dia), segundo a retrospectiva da Netflix. E foi a oitava em recomendação para se assistir com a família. No site especializado em cinema IMDB, a série está com nota 8,3. No Rotten Tomatoes, a nota é 7,8 (ou 78%) para a primeira temporada. Atypical foi indicada ao prêmio Satellite Awards em 2017, na categoria melhor série de TV, comédia ou musical.
Quem não é atípico?
Atípico, em inglês, é a palavra que dá nome a esta série de comédia — cujo tema central é: o que significa ser uma pessoa normal, típica? — e tenta mostrar o quão similar é uma família com alguém que tem Transtorno do Espectro do Autismo (TEA); e, ao mesmo tempo, o quão diferente — atípica — cada família é, com suas particularidades, sua história de vida, seus anseios, suas falhas e sua humanidade. Não é à toa que o slogan de Atypical é “Every family is atypical”— em tradução literal para o português: “Toda família é atípica”.
A história foi escrita por Robia Rashid, que teve a consultoria de Michelle Dean a respeito do Transtorno do Espectro do Autismo — ela é professora da Universidade do Estado da Califórnia e trabalhou no centro de tratamento e pesquisa sobre autismo da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), ambos nos EUA. A série aborda também outros temas da adolescência, como a iniciação ao sexo, a entrada na faculdade, inimizades e adultério.
Gilchrist disse, em entrevista ao site Vulture (da revista New Yorker), que após Rashid escrever a série, eles conversaram bastante, além dele ter feito muita pesquisa, assistiu a filmes e leu livros sobre autismo. Ainda nas gravações desta segunda temporada, o protagonista falou a respeito dos novos desafios que Sam deverá enfrentar: “Na primeira temporada vimos como Sam se adaptava ao novo universo do amor e da independência. Agora, ele buscará novos desafios para sua vida, deixando cada vez mais a dependência de sua irmã na escola, e de sua família”. Segundo o ator, para melhorar sua experiência com o personagem para a segunda temporada, ele começou a interagir mais com amigos autistas. “Por alguma razão – eu não acho que foi proposital ou algo assim – eu simplesmente tenho muitos amigos com irmãos ou amigos crescendo ou até mesmo vizinhos… [que] têm autismo”, contou ele.
Em entrevista ao canal online Autism Live, a criadora da série Robia Rashid afirmou que que já tem a história inclusive para a terceira temporada: “Acho esse universo muito amplo, e a possibilidade de apresentarmos novas fases da vida de Sam, como a faculdade, serão muito importantes para a série”.
Nesta segunda temporada, os pais de Sam — Elsa e Doug — encaram os desdobramentos de uma crise no casamento. Caisey tenta se adaptar à nova escola e fazer novos amigos. Sam se prepara para a fase pós-formatura.
Ficha técnica
Além do protagonista, Gilchrist, o elenco — confirmado para a segunda temporada — ainda tem Jennifer Jason Leigh (mãe de Sam, Elsa), Michael Rapaport (pai, Doug), Brigette Lundy-Paine (Caisey, a irmã) e Amy Okuda (Julia, a terapeuta de Sam). A série é co-produzida pela Sony Pictures Television e tem história e roteiro de Robia Rashid (que escreveu episódios de “How I Met Your Mother”, “Will & Grace” e “The Goldbergs” antes de criar “Atypical”). Os produtores executivos são: Robia Rashid, Seth Gordon e Mary Rohlich, juntamente com Jennifer Jason Leigh.
Veja o trailer da segunda temporada.
Você costuma ler para os seus filhos? Os incentiva a praticar a leitura? Se a sua resposta é não, está tudo bem. Afinal, nunca é tarde para explorar o gosto pelos livros. E adotar esse hábito fica ainda mais fácil quando buscamos informações sobre assuntos do nosso interesse.
O autismo, por exemplo, é um tema abordado em muitas obras nacionais e estrangeiras, reais e de ficção. As opções são muitas, para adultos e crianças, sendo uma oportunidade perfeita para você e seus filhos praticarem a leitura juntos, enquanto aprendem mais sobre a condição TEA.
Se você está empolgado para se aventurar no mundo das obras que falam do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), selecionamos alguns títulos nacionais para você começar esse percurso. Confira:
Eu Falo Sim
Baseado na vida do menino autista Tomás, este livro infantil conta uma história que se passa na sala de aula, onde as crianças aprendem juntas uma nova maneira de se comunicar e conviver com o coleguinha que tem um comportamento diferente. Ilustrado pela mãe do garoto, o livro é muito atraente para as crianças, não apenas pelas cores e desenhos, mas pela forma como a história é contada. Você pode comprá-lo aqui.
Autismo além do diagnóstico
Diagnosticado com autismo ainda na infância, Marco, um adolescente de 17 anos, passou por diversas escolas e terapias, mas nunca conseguiu se comunicar com o mundo exterior. Até que em suas sessões de análise ele estabelece contato com seu terapeuta através de desenhos, frases, poesias, redações e cartas, trazendo à tona um mundo muito rico de emoções e pensamentos. Fruto de uma história real, o livro apresenta as produções de Marco e as conclusões clínicas de seu analista, abordando o autismo no âmbito das terapias e sob o olhar do próprio autista. Você pode saber mais sobre esta obra aqui.
Autista com muito orgulho — A síndrome vista pelo lado de dentro!
Este livro em particular é muito interessante para quem quer entender como o autista enxerga o mundo ao seu redor. Cristiano Camargo, o autor do livro, é portador da Síndrome de Asperger e convida o leitor a fazer uma “intensa viagem ao mundo da Mente Asperger”. Através de seus relatos, Cristiano fala sobre a síndrome e seu convívio com outras pessoas na mesma condição. A versão digital desta obra pode ser encontrada aqui.
Não fala comigo! A história de um autista
Escrito pelo autor Romulo Netto, o livro conta como um casal do sertão brasileiro enfrentou as dificuldades de comunicação com o filho autista, superando o sofrimento e as diferenças para amarem e serem amados pelo garoto. Apesar de ser uma obra de ficção, o autor conseguiu abordar o autismo com naturalidade, usando uma linguagem simples que transmite informação, esperança, diversão e emoção aos leitores. Para adquirir o livro, clique aqui.
Autismo — Não espere, aja logo!
O livro de Paiva Junior descreve os sinais e sintomas de autismo em crianças. Um alerta para pais e profissionais iniciarem logo o tratamento, ainda que não tenha um diagnóstico definitivo e seja só uma suspeita clínica. Com uma linguagem bem acessível, a obra traz também uma boa dose de otimismo para pais que estão iniciando sua caminhada no mundo do autismo. No site do autor, há links para adquirir o livro em promoções de livrarias online.
Meu filho ERA autista
Este livro conta a história real do Nicolas, um adolescente de 17 anos que faz palestras em todo o Brasil sobre como é ser autista. O livro foi escrito por sua mãe, Anita Brito, que também o acompanha nas palestras. Na obra Anita relata sua experiência como mãe de um autista e sua luta para “resgatar” o filho do seu próprio mundo para integrá-lo ao mundo em que todos vivemos. Nicolas ainda é autista, mas leva uma vida normal: está matriculado no ensino regular, faz trabalhos como fotógrafo freelancer e já está escrevendo um livro para contar suas experiências. “Meu filho ERA autista” está à venda no site da autora.
Gostou das dicas? Quer indicar outros livros? Escreva nos comentários!
Você sempre foi tratado como uma pessoa comum. Frequentou a escola sem grandes problemas. Teve uma vida normal em família. Fez algumas poucas amizades ao longo do tempo. Cresceu e se tornou independente, como qualquer pessoa jovem adulta. Mas ninguém imaginava que a essa altura da vida seria surpreendido por uma grande descoberta: você é autista.
Uma história muito parecida com essa que acabamos de contar aconteceu com o francês Guillaume Paumier. Em 2013, aos 31 anos, Guillaume recebeu o diagnóstico de autismo. Mas por que tão tarde? “Após algumas dificuldades no trabalho meu parceiro decidiu compartilhar a sua suspeita sobre eu estar no espectro autista. Eu sabia pouco sobre isso na época, mas era uma hipótese que explicava muitas coisas, e parecia que valia a pena explorá-la”, conta o jovem em seu blog.
Após alguns testes veio o resultado. A partir daí, Guillaume passou a ver muito mais sentido em aspectos da sua vida que ele até então não compreendia muito bem. E sentiu necessidade de compartilhar isso com as pessoas, não apenas pela descoberta tardia da condição, mas para demonstrar como cada pessoa pertencente ao espectro é única em suas características. O relato de Guillaume foi traduzido para o português e pode ser lido na íntegra em seu blog. Abaixo reproduzimos e destacamos em negrito os trechos que mais nos chamaram a atenção.
Minha vida como autista e wikipedista
“[…] meus pais contam que, embora eu não entusiasmasse com a ideia de ir à escola durante a semana, eu sempre pedia para ir aos sábados, porque a maioria das crianças não estava lá. Não é que não gostasse delas, mas a escola ficava muito mais silenciosa do que durante a semana, e eu tinha todos os brinquedos só para mim, eu não precisava interagir com as outras crianças, dividir os lápis, nem a sala. Eu podia fazer qualquer coisa sem ter que me preocupar com as outras crianças. Naquele momento eu ainda não sabia, mas quase 30 anos se passariam até que eu olhasse para trás e pudesse entender que tudo fazia sentido.
Agora eu tenho 32 anos, e muitas coisas mudaram. Há dois anos, após algumas dificuldades no trabalho, meu parceiro decidiu compartilhar a sua suspeita sobre eu estar no espectro autista. Eu sabia pouco sobre isso na época, mas era uma hipótese que explicava muitas coisas, e parecia que valia a pena explorá-la.
Sim, essa questão havia sido levantada algumas vezes antes, mas sempre em tom de piada, exagerando o meu tipo de comportamento. Eu nunca achei que aquela etiqueta pudesse ser aplicada no meu caso. Um dos problemas é que o autismo é apresentado de uma maneira muito uniforme na cultura popular. Filmes como Rain Man mostram autistas com síndrome de savantque, apesar de terem habilidades extraordinárias, vivem em um mundo completamente diferente, e algumas vezes não falam. O espectro autista é muito mais diverso do que esse tipo de exemplos estereotipados.
Após ter começado a pesquisar sobre o assunto, e a ler livros sobre autismo e biografias escritas por pessoas autistas, eu percebi o quanto encaixava comigo.
Demorou um pouco para que eu obtivesse uma confirmação de especialistas. Mas, após alguns testes, quando eu a recebi, muitas pessoas ainda tinham as suas dúvidas. A questão que surgiu repetidamente foi “Mas como é possível que não tenha sido detectado antes?” Geralmente o autismo é identificado em idades mais jovens, mas parecia que durante quase toda a minha vida eu havia conseguido me disfarçar de “neurotípico”, ou seja, de alguém que possui um cérebro cujo funcionamento é similar ao da maioria das pessoas.
[…]
Uma boa analogia para entender o que significa ser autista em um mundo de neurotípicos, é olhar para o Sr. Spock, da série original Star Trek; filho de um pai Vulcano e uma mãe humana, tecnicamente o Spock é meio humano, porém o seu lado Vulcano é o que mais se destaca quando ele interage com o resto da tripulação da Enterprise. […] Como Vulcano, a vida do Spock é regida pela lógica. Embora ele sinta emoções, elas são profundamente reprimidas. O padrão do seu discurso é desapegado, quase clínico.Devido à sua perspectiva lógica e utilitarista, frequentemente o Spock parece indiferente, sem coração, ou rude com os seus companheiros tripulantes.
As características do Spock se parecem às do autismo de muitas maneiras […] o filtro de percepção do Spock o impede de entender as decisões humanas baseadas em emoções. Essas ações lhe parecem tolas ou insensatas, porque o Spock as interpreta através da sua lente lógica. Faltam-lhe base cultural, normas sociais e premissas não ditas compartilhadas inconscientemente pelos humanos.
[…]
Pessoas autistas são caracterizadas por muitos traços diferentes, mas o mais presente é a cegueira social: nós temos dificuldade em ler as emoções das outras pessoas. […] Frequentemente entendemos as coisas literalmente porque não contamos com o texto subliminar: para nós é difícil ler as entrelinhas.
[…]
Acho que o Spock só foi capaz de construir relações ao longo do tempo porque as pessoas eram conscientes da sua diferença, e aprenderam a entendê-la e a abraçá-la. O Spock também aprendeu muito com os humanos ao longo do caminho.”
“O Mateus não me atende quando lhe chamo. Será que ele é surdo?”
“A Marina já tem 1 ano e 8 meses, mas ainda não fala nenhuma palavra. O que ela tem?”
“O Diogo entende tudo que acontece à sua volta na escola, mas não interage com os coleguinhas. Não sei porque isso acontece.”
“Autismo?! Meu filho?! Não, você está enganado. Ele só tem um pouco de atraso de desenvolvimento. Na hora certa ele vai ser igual às outras crianças.”
Se você é mãe/pai de um autista é bem provável que se identificou com alguma das falas acima. Afinal, esses são apenas alguns dos primeiros questionamentos que as famílias fazem quando percebem o comportamento diferente da criança. Daí até o diagnóstico, o caminho é longo e repleto de dúvidas, medo, desconfiança, negação, tristeza, esperança. Mas toda e qualquer ajuda que surge nesse trajeto pode ser útil.
Reunimos abaixo algumas informações retiradas da legislação brasileira que tratam da questão do autismo. Leia, compartilhe, ajude outras famílias de pessoas com autismo a conhecerem seus direitos.
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista
Em 2012 foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff a Lei 12.764/2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA. Desde então, para todos os efeitos legais, o autista é considerado pessoa com deficiência, fazendo jus às garantias que a legislação prevê para os deficientes. A Lei 12.764/2012 também instituiu diretrizes para o tratamento da questão do autismo no âmbito do poder público, e estabeleceu direitos específicos para os autistas, como o acesso a ações e serviços de saúde que visem atender integralmente suas necessidades. É esta lei quem determina também o direito a acompanhamento especializado para crianças e adolescentes autistas matriculados no ensino público e que comprovarem a necessidade de assistência.
Estatuto da Pessoa com Deficiência
Instituído pela Lei 13.146/2015, a Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência (ou Estatuto da Pessoa com Deficiência) estabelece os direitos das pessoas deficientes. Como desde 2012, para efeitos legais, os autistas são considerados deficientes, eles estão incluídos nessa legislação. Portanto, direitos previstos nesta lei, como atendimento prioritário, atenção integral pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e acesso às vagas de trabalho compatíveis com sua deficiência, são extensíveis às pessoas com autismo.
Horário especial de trabalho para servidores federais
O Estatuto dos Servidores Públicos Federais, também conhecido como Lei 8.112/1990, prevê em seu artigo 97, parágrafo 2º, que “será concedido horário especial ao servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica oficial, independentemente de compensação de horário”. Esse horário especial também está previsto no parágrafo 3º para servidores federais que tenham cônjuge, filho ou dependente portador de deficiência — mas neste caso o servidor deverá compensar o tempo que se ausentou do trabalho.
Benefício de Prestação Continuada
Famílias de pessoas com deficiência, inclusive autistas, que tenham renda per capita de até ¼ do salário mínimo, têm direito ao Benefício de Prestação Continuada, garantido no Capítulo IV da Lei 8.742/1993. Esse benefício dá direito ao recebimento de um salário mínimo por mês à pessoa deficiente que comprove não ter condições de se sustentar ou de ser sustentada por sua família.
Se você acessou este texto em busca de uma resposta pronta, ou de um apanhado de sugestões sobre o que comprar para uma criança com autismo, precisamos dizer que você encontrará bem mais do que isso. As dicas que reunimos aqui vão te mostrar que, na hora de comprar um presente para uma pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), você precisa pensar mais nela do que na condição em si.
Perguntar para os pais “qual brinquedo seu filho autista gosta” é o mesmo que perguntar “qual brinquedo sua filha de x anos gosta?” ou “qual brinquedo seu filho com cabelos pretos gosta?”. O autismo é uma característica como qualquer outra, e não influencia no fator maior que você deve considerar na compra de um presente: a criança enquanto indivíduo, com gostos e preferências próprias. Afinal, a melhor maneira de acertar ao presentear alguém é pensar na pessoa com empatia, seja ela criança ou adulto, abrindo mão dos seus preconceitos e das suas próprias preferências para entender o que a deixaria feliz.
É claro que para agradar alguém vale pesquisar o que essa pessoa gostaria de ganhar, mas esqueça os limitadores. Quando você pensa no que “uma criança com autismo” poderia gostar, você não está pensando naquela criança em especial, mas em qualquer criança. Olhando por esse lado, o autismo parece uma condição limitadora para o fato dela ser, em primeiro lugar, apenas uma criança. Repare que até mesmo quando você pergunta “que tipo de brinquedo” aquela criança gosta, você limita as escolhas dela a um brinquedo. E se ela preferir um livro? Ou um outro objeto? Quem sabe até um passeio?
Um ótimo exemplo desta reflexão aconteceu com o apresentador Marcos Mion, no Natal de 2015, quando foi surpreendido pelo pedido de seu filho autista para o Papai Noel: uma escova de dentes azul, história que acabou virando livro infantil.
É importante também pensar no que você pode dar, e não no que pode comprar — afinal nem todo presente precisa ser adquirido. Seu filho pode querer apenas passar mais tempo junto com você, ou que você leia para ele, ou que vejam um filme comendo pipoca em casa.
A melhor maneira de presentear uma criança, independente de suas características, é perguntar com sinceridade o que ela gosta e o que não gosta (de ganhar, de fazer, de ler), sem limitar suas escolhas. E isso vale também na hora de receber as respostas. Permita que seu filho se expresse da maneira que ele preferir: falando, desenhando, cantando, fazendo gestos, mostrando em um tablet, na TV ou num livro… Tenha paciência para compreendê-lo.
Se você está com dificuldade em escolher presentes para uma criança com autismo, e não se sente à vontade ou não sabe como conversar com ela, pode perguntar aos pais o que aquela criança gosta ou não gosta. Procure se informar também sobre as sensibilidades dela que devem ser evitadas — este é um dos aspectos mais importantes a considerar na hora de escolher um presente para uma pessoa que tem TEA. Levar em conta suas características pessoais ajudará a evitar desconforto, confusão, ansiedade, raiva… sentimentos reais e dolorosos para o autista. Afinal, como qualquer outra pessoa, ele tem sua própria opinião sobre o que é interessante, divertido, gostoso, bom ou ruim. E isso não deve ser encarado como estranho ou desrespeitoso. Uma criança (inclusive a criança autista) não é obrigada a gostar de um brinquedo só porque ele está na moda ou porque você iria gostar se ganhasse.
Por fim, escolhido e entregue o presente, não se sinta frustrado nem ofendido se a criança não der atenção a ele ou não se empolgar tanto quanto você gostaria. O que hoje não a atrai pode ser extremamente interessante daqui algum tempo. A mesma dica vale se a criança gostar mais da embalagem do que do presente em si. Isso é perfeitamente natural para ela, então não a obrigue a agir de forma diferente. Aliás, vale ter atenção redobrada nesse aspecto: brilhos, fitas, laços e amarrações nas embalagens podem desencadear desconfortos visuais ou táteis, gerando sobrecarga sensorial em algumas crianças autistas. Não encare nada disso como frescura ou birra, pois são situações que realmente incomodam e fazem mal a elas. Seja paciente, sempre.